Diana: o filme triste da princesa

É possível, depois de assistir ao filme Diana, chegar à conclusão de que beleza não é tudo, dinheiro não é tudo, fama não é tudo.

Conclusão muito óbvia, é claro.

Não foi preciso esperar 20 anos da trágica morte da Princesa de Gales para compreender que sua vida não foi um mar de rosas, nem permeada do que nós, plebeus, entendemos como uma vida de privilégios.

A conclusão é óbvia, mas é possível aprofundar-se mais nos significados que a trama de Oliver Hirschbiegel revela. Ainda que de maneira romanceada, o filme Diana conta os últimos dois anos da vida de Lady Di e, principalmente, sua paixão pelo cirurgião paquistanês Hasnat Khan, que no filme é interpretado por Naveen Andrews.

Princesa Diana.

Diana é vivida por Naomi Watts que, sim, exageram ao dizer que ficou “idêntica” à princesa. Muito semelhante, mas longe de confundir o espectador. Em muitos até pode causar o efeito contrário: quem é essa que toma o lugar da linda e frágil Princesa do Povo?

Diana foi um dos rostos mais fotografados do mundo até sua morte – e não foi a obsessão por sua imagem que a matou? Ter seu rosto tão fixado na mente não apenas reforça o mito como dificulta vê-la para além da vítima.

O filme de Oliver Hirschbiegel reafirma ainda mais o mito, principalmente quando destaca o lado simples da Princesa de Gales como quando cozinhava ou após o banho, no fim do dia.

A verdade, entretanto, é que reafirma mesmo quando revela a solidão que Diana sentia, essa que plebeus são incapazes de sentir igual. Só por isso Diana é tocante, humano, frágil.

O caminho escolhido por Oliver Hirschbiegel tem base no livro de Tina Brown: As Crônicas de Diana.

Segundo a biógrafa, o cirurgião paquistanês Hasnat Khan foi o grande amor da vida de Diana. Possivelmente, a história mais incrível que um homem comum, com cotidiano comum, poderia sonhar viver.

Hasnat Khan continua como médico cirurgião e talvez seja ainda incapaz de esquecer o dia em que cruzou pela primeira vez com uma das mulheres mais fascinantes que o mundo já conheceu.

Hasnat Khan conheceu Diana em 1995, quando a princesa foi visitar o esposo de uma grande amiga no Hospital Royal Brompton, onde Khan trabalhava. Segundo o relato de Tina Brown, a relação durou apenas dois anos, tendo acabado dois meses antes da morte da princesa, quando ela já estava com o milionário Dodi Fayed, que também morreu no acidente ocorrido em 31 de agosto de 1997, uma madrugada de domingo, em Paris. Dodi Fayed é vivido no filme por Cas Anvar.

O mundo ficou chocado com a morte de Lady Di. Ao assistir Diana revive-se a sensação de perda e paira, curiosamente, certa incredulidade. Uma mulher como ela não poderia ter tido o fim que teve. Ou, o contrário. Só um fim trágico a tornaria indubitavelmente um mito. É o único presente que a morte dá aos jovens que leva.

Os últimos pensamentos de Diana, olhares e desejos são mostrados na tela com precisão. Mesmo que se descubra – um dia – que não foi exatamente isso o que aconteceu, os acontecimentos são facilmente presumidos como são mostrados no longa. Diana viveu, nos últimos meses, sob tensão absurda. E a pressão de não poder viver o amor que sempre sonhou, não por falta de sentimento, mas por total e criminosa falta de privacidade, a dilacerava.

As roupas usadas por Naomi Watts são réplicas das que Diana usou. Ou seja, vem das roupas em cena boa parte dos arrepios e nós na garganta.

Enfim, Diana é um filme muito triste.

Eliana de Castro Escrito por:

Fundadora da FAUSTO, é escritora, mestre em Ciência da Religião e autora do romance NANA.

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