Fernando Silva Bispo. Para o Brasil, Fernando Holiday. O mais jovem vereador eleito do país é uma verdadeira contradição. Ou não. É que há tão poucos negros, pobres e gays em causas políticas liberais que Holiday provoca uma pane nos algoritmos do pensamento de esquerda. Mas é claro que há mais para observar e analisar no jovem de 20 anos, criado em Carapicuíba, São Paulo, do que suas propostas políticas. É a autoconfiança e autodeterminação que impressionam e sustentam suas ideias muitas vezes polêmicas. Criado unicamente pela mãe, Fernando nunca conheceu o pai e diariamente, desde que foi eleito, quebra paradigmas de vitimização. Um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre conversou com a Fausto sobre capital simbólico, educação e amarras de discursos ideológicos e desafia você a pensar fora da caixa. Ou no óbvio. Quem é capaz de definir?

Fausto – Quando as causas clichês do “pobre, negro e gay” te incomodaram pela primeira vez?
Fernando Holiday: Não lembro o dia exato, mas havia eventos de cultura negra no meu bairro e lá eu escutava sobre a opressão do negro e do pobre pelo branco. Eu vivia o racismo, sabia do preconceito, mas a forma, a alternativa segregacionista e revanchista que eles propunham – e propõem – nunca fez a minha cabeça.
Mas você reconhece o capital simbólico que tem nas mãos por ter essas três características?
Fernando Holiday: Sei que por eu ser tudo isso, e me contrapor às amarras ideológicas da esquerda, acabo me tornando um símbolo de resistência; mas não é, nunca foi minha intenção, fazer dessas coisas uma bandeira. Fui eleito vereador pelas minhas ideias e não pela minha cor de pele ou orientação sexual.
Qual é o papel de sua mãe em sua formação educacional e, principalmente, moral?
Fernando Holiday: Minha mãe foi uma heroína da vida real, me criou praticamente sozinha, com um salário de auxiliar de limpeza. Com ela, aprendi a fé cristã, frequentando cultos evangélicos, mas por conta própria me converti ao catolicismo. Hoje sou devoto de Nossa Senhora de Fátima e de Santo Agostinho.
“Fui eleito vereador pelas minhas ideias e não pela minha cor de pele ou orientação sexual.”
Fernando Holiday
Pergunto isso porque há uma “herança psicológica” que quase todos os pobres, negros e gays trazem consigo, dada pela própria família que – nem sempre, é claro – tem intenção de atrapalhar, antes até de proteger. Mas essa herança existe quase sempre. Com você nunca houve, em nenhum momento, um sentimento de auto-diminuição? Que é um sentimento que vem antes do da vitimização. A auto-diminuição é que te coloca abaixo do outro, antes de você culpar o outro.
Fernando Holiday: Acredito que não. Ao vivenciar o racismo, sempre vislumbrei no preconceituoso, o burro, o incapaz. Sabia da minha capacidade e que minha cor nada tinha a ver com ela. Por entender isso é que fui capaz de encarar as adversidades e não fui presa fácil àqueles que queriam coletivizar meus sonhos.
Houve pessoas queridas que o considerasse um traidor? Porque é mais fácil ignorar um “discurso sobre traição” do que ignorar pessoas pelas quais você tem afeto.
Fernando Holiday: Não. As pessoas queridas sempre compreenderam e me apoiaram. Também luto por eles.
A esquerda “prendeu” o pobre, o negro e o gay porque percebeu o medo da rejeição, do diferente e a auto-diminuição antes deles mesmos perceberem?Fernando Holiday: A esquerda pensa na dominação, que pode ser sob a perspectiva eleitoral ou militante. Quando você coletiviza um grupo, diz que por ter certa cor de pele ou orientação sexual, tem que pensar e lutar ao lado das mesmas pessoas, também coletiviza os sonhos delas e, de forma mais fácil, os engana dizendo que o socialismo, ou coisa parecida, irá os realizar, trazendo-os para si. É uma fórmula mais fácil do que convencer os indivíduos e respeitar a autonomia de cada um.
O autoconhecimento é um caminho para boas escolhas políticas?
Fernando Holiday: Não tem como afirmar o contrário.
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