Fique Comigo: filme francês trata de solidão e solidariedade

Ao assistir Fique Comigo, filme do francês Samuel Benchetritt, pode ser que a lembrança do olhar acolhedor da personagem Hamida, vivida pela atriz argelina Tassadit Mandi, não saia da mente. Ela é um encanto!

O filme, cuja delicadeza toca profundamente, trata de solidão e de solidariedade. Baseado no livro do próprio Benchetrit, Les Chroniques de L’Asphalte, o longa conta três histórias paralelas de moradores de um velho prédio da periferia de Paris. O que todos têm em comum?

Fique Comigo.

A vontade de pertencer. Embora nem todos tenha consciência disso. Não até serem tocados por um gesto de solidariedade.

A cena que abre Fique Comigo, por exemplo, apresenta um dos mais clássicos sintomas de autossuficiência que – fácil ou não de assumir – hoje todos têm. Precisamos de quem para o quê?

A cena é a seguinte: o elevador do prédio onde as histórias se desenrolam vive quebrado. Os condôminos então se reúnem para tentar resolver o problema, só que o morador do primeiro andar se recusa a pagar simplesmente porque não usa o elevador. Um vizinho chega a falar sobre solidariedade.

O episódio é bastante cômico e a lição de moral não demora. É o dito comum “pagar com a língua”. Interessantíssimo como esse personagem evolui na trama.

No elenco de Fique Comigo estão: Gustave Kervern, o homem do primeiro andar que se recusa a pagar o conserto do elevador; Jules Benchetrit, o adolescente atencioso que carente do pertencer familiar busca um lugar na vida da nova vizinha; Isabelle Huppert, a nova vizinha, atriz de cinema desempregada que, ao contrário do garoto, não admite a própria vulnerabilidade; Valeria Bruni Tedeschi, a enfermeira solitária que redescobre o prazer de ser notada; Michael Pitt, o astronauta americano que entende a beleza do amor gratuito; e Tassadit Mandi, a mãe cujo único filho está na cadeia e que expressa o amor na linguagem dos gestos.

Na verdade, é preciso fazer uma correção. Fique Comigo é um filme sobre solidão, sobre solidariedade, mas também é um filme sobre o amor. É uma crônica sensível que questiona o orgulho da independência, que propõe não sentir a necessidade dos outros. Como se de fato fosse possível.

 

 

 

Eliana de Castro Escrito por:

Fundadora da FAUSTO, é escritora, mestre em Ciência da Religião e autora do romance NANA.

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