Se não acreditássemos no poder das ideias, não leríamos tanto.
E lemos tanto, não?
Sei que leio, sei que lê.
Aqui é reduto dos amantes dos livros, dos autodeclarados desajustados, que buscam nas palavras alguma saída… Li por aí e vi sentido, estamos em um tempo tão anti-intelectual!
Creio que nunca tivemos tantas perguntas. Ainda que, também, nunca estivemos tão certos de já sabermos as respostas – no pior sentido possível.
Há, porém, quem não se canse de aprender, de ir além, que vivi inquieto nas fronteiras do pensamento, porque é um lugar privilegiado, porque dá vista para o que tem, ali, de ideia nova.
Atendendo ao pedido de nossa nobre leitora Anna Karine Barbosa, segue uma lista de intelectuais interessantes para conhecer, ler e acompanhar; e, claro, para tentar – ainda que singelamente – compreender esse nosso tempo cinza.

Patricia Churchland
Para quem ama filosofia e neurociência, a filósofa canadense Patricia Churchland fala sobre consciência, amor e livre-arbítrio como procedentes da mente. Sua fala é original e perspicaz – e nem todos concordam com ela. Para quem lê em inglês, indicamos Conscience, a respeito das origens da intuição moral.
Amia Srinivasan
Os objetos dessa jovem filósofa indiana podem até ser esquisitos, mas Amia Srinivasan é um nome que desponta no Pensamento e promete chegar longe. Ela tem vigor, é destemida e criativa. O que há de melhor – mesmo que para discordar. Atua como professora de Teoria Social e Política na Universidade de Oxford. Ainda não tem livro publicado, mas escreve muitas resenhas interessantes.
Shoshana Zuboff
Impossível não refletir sobre tecnologia quando tratamos do contemporâneo. A socióloga, professora aposentada da Harvard Business School, Shoshana Zuboff, tem muito para nos dizer sobre as tecnologias que dominam o nosso cotidiano – Facebook, Google e afins. Para quem lê em inglês, indicamos The age of surveillance capitalism: the fight for a human future at the new frontier of power. Pioneira, Shoshana Zuboff foi uma das primeiras mulheres a se tornar professora titular HBS. Ela é doutora em Psicologia Social também por Harvard, além de bacharel em Filosofia pela Universidade de Chicago.
Martha Nussbaum
A envergadura cultural de Martha Nussbaum é espantosa! E ela fisga a atenção como poucos – para mim, como Camille Paglia. Indicamos A fragilidade da bondade para começar a conhecer suas ideias. Ela fez pós-doutorado em Harvard, tendo sido a primeira mulher a conquistar a distinção de Junior Fellowship, o que significa ser parte de um grupo seletíssimo de mentes brilhantes que tem não apenas seus estudos financiados como trabalho e uma agenda social invejável. Midiática – o que no Brasil pega muito mal – Martha ocupa maravilhosamente o espaço de pensadora entre diversos públicos.
Kwame Anthony Appiah
Sobre temas de identidades, nada melhor do que ler alguém tão “multi”. Além disso, Kwame Anthony Appiah é de uma inteligência incomum! Nascido na Inglaterra, Appiah cresceu em Gana e radicou-se nos Estados Unidos. É professor de Filosofia na Universidade de Princeton e no Brasil tem publicado O código de honra: como ocorrem as revoluções morais.
Sentiu falta de filósofos brasileiros?
A razão é clara. Nossa leitora pediu novos nomes e os melhores do Brasil já passaram por aqui… Que satisfação!
Deixamos, porém, um nome que muito em breve ocupará o debate com muito mais holofote.
Eduardo Wolf
Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo, foi pesquisador visitante na Universidade Ca’Foscari, em Veneza. Escreve para a revista Veja e é editor do Estado da Arte, do jornal O Estado de S.Paulo. Sua formação é excepcional – e sua apresentação formidável! Wolf tem vastíssimo repertório e sobre guerras culturais, assunto tão em alta, em breve lançará um livro. É possível acompanhá-lo pelo EA ou pelo Facebook, emboras as apresentações in loco (painéis, aulas e afins) sejam irretocáveis.
Se não acreditássemos no poder das ideias, não leríamos tanto.
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