Homens e mulheres

Recentemente, a mídia fez eco a um medo japonês: os homens, principalmente mais jovens, não tem mais interesse em sexo. Triste fim para as meninas de lá.

Afora o fato que suspeito profundamente que nossas avós faziam sexo melhor do que nós, depois dessa tal de revolução sexual – cujo ganho principal foi deixar as meninas de classe média mais fáceis, o que é ótimo aliás –, sexo virou política e política sempre brocha, não acredito que as pessoas tenham hoje em dia tanto interesse em sexo. Preferem fotos, comprar iPhones e viajar pela CVC no fim do ano.

Trabalha-se muito, corre-se atrás de dinheiro e isso toma muito tempo. Mas, há um agravante.

Muitos homens hoje começam a desistir das mulheres, começam a fazer isso quando está em jogo algum relacionamento mais longo, e acabam por optar pelas profissionais, que se sabe com certeza quanto custa. E não se tem reclamação a cada hora.

Este tipo de comportamento, diria, é parte do cenário contemporâneo e tende a piorar na medida em que mais exigências são somadas da vida masculina (não que as exigências também não tenham aumentado para as meninas, mas essa exigências são normalmente vistas como “emancipação”), e qualquer queixa é vista ou como fraqueza ou como machismo retardatário. O homem deve ser sensível, feminino, contido, rico, bem sucedido, adivinhar o que a mulher quer na hora que ela quer, e, acima de tudo, gostar de frequentar lojas como a Tok Stok.

Outro fenômeno é que as meninas devem suportar agora meninos com demandas psicológicas. Os homens descobriram que sendo frágeis podem assegurar um espacinho no blá-blá-blá de gênero. E com isso, as meninas acabam tendo que pagar as contas e suportar frouxinhos com questões “internas”.

A verdade, temo, é que estamos pouco atentos aos exageros do debate sobre homens e mulheres. Não preciso chegar ao evolucionismo – o que acho que seria muito útil para esse povo delirante das ciências sociais de gênero – para perceber que essa ideia de que mulheres suportam homens fracos é uma mentira tão grande quanto que bandidos sejam vítimas sociais.

No cinema, cada vez mais, ou as mulheres são Angelina Jolies genéricas que batem em todo mundo, ou são meninas que assumem sempre que os homens são uns bobos quase inúteis. Afinal de contas, de onde vem tanta histeria em favor do aniquilamento masculino? Claro, uma das raízes é o próprio avanço da sociedade de mercado que faz de todos nós consumidores de coisas legais. Outra é o fato que o debate é controlado, basicamente, por mulheres ressentidas, sozinhas e que fracassam no amor, perfil muito comum entre intelectuais e acadêmicos.

O resultado é a tentativa de “construção” de uma mitologia masculina em que o homem seja cada vez mais sensível e incapaz. Enquanto a mulher vai sendo “construída” cada vez mais como furiosa e exigente.

Mas, é claro, tudo isso é fruto do enriquecimento de nossas sociedades. Uma crise econômica grave e uma catástrofe social acabaria com esse debate em dois dias. Os homens seriam de novo medidos pela coragem (como ainda são, mas mentimos sobre isso) e as mulheres ficariam grávidas mais vezes, o que tomaria muito seu tempo.

A conclusão é que essas teorias de gênero tem a consistência de um comercial ruim da Coca-Cola.

 

 

Eliana de Castro Escrito por:

Fundadora da FAUSTO, é escritora, mestre em Ciência da Religião e autora do romance NANA.

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