Livro de estreia de Eliana de Castro, NANA é um dos grandes destaques entre os romances contemporâneos brasileiros.
Quando Eliana de Castro anunciou, pela primeira vez, que estava escrevendo um romance, seus leitores, habituados aos textos e entrevistas da revista FAUSTO, da qual é fundadora, sabiam que leriam um livro de excelência.
E foi isso que a autora entregou no fim de 2023, ao lançar NANA.
Eliana de Castro fez-se escritora por meio dos clássicos da literatura e, através da prosa poética, encontrou sua forma de se expressar.
Do russo Liev Tolstói à portuguesa Agustina Bessa-Luís, a autora de NANA nos ofertou em sua estreia com um texto elegante, profundo e cheio de referências — da música à literatura.
A começar pelo nome.
A personagem faz uso do pseudônimo Nana devido à sua identificação com as canções de Nana Caymmi. Além disso, a construção poética da obra é parte inspirada nas músicas interpretadas pela Dama da Canção.
A protagonista contrapõe dois amores não consumados e, a partir daí, reminiscências vem à mente de Nana, que divaga por seus sentimentos em busca de entender suas feridas emocionais mais profundas, originadas, sobretudo, no fim de sua infância.
“Há uma dor que antecede toda dor de amor”, explica a autora.
“Reproduzimos padrões em nossos relacionamentos amorosos que foram determinados em algum momento de nossa vida, normalmente por alguém que um dia amamos; pode ser a mãe, o pai, irmão, namorado, amigo da escola. Nana revisita sua própria trajetória, sempre em contraponto com os amores do presente”, complementa Eliana de Castro.
Mas engana-se quem pensa que o livro serve apenas como reflexão para dores amorosas.
O caminho de autoconhecimento percorrido pela personagem é pavimentado por frases de efeito e aforismos que retumbam nos sentimentos mais recônditos dos leitores, convidando-os a conhecerem a si mesmos.
“Uma conquista tem significados mais profundos se antes de qualquer coisa foi preciso vencer a si mesmo ou sua própria história”.
Seja na ficção ou na realidade, essa estrada do autoconhecimento, que se junta à da autorresponsabilidade, não é fácil de ser percorrida.
Todavia, as belezas que NANA nos apresenta torna o trajeto mais agradável, cheio de sutilezas e significados, sem igual entre os romances contemporâneos.
Embora não seja um livro autobiográfico, a forma sensível como a protagonista enxerga o mundo assemelha-se muito à maneira como Eliana de Castro vê o que a cerca, fazendo de sua interpretação um universo à parte — o laboratório de sua escrita.
“NANA não é, de forma alguma, um livro autobiográfico, é sim um livro sobre os meus limites. Desafiei-me para descobrir até onde eu conseguiria ir nas reflexões, considerando, principalmente, os mais destacados romances contemporâneos, que estão, em sua grande maioria, tratando de pautas em voga”, esclarece.
Desde o seu ofício, a costura, até a sua paixão por itens de época, a personagem Nana faz de sua rotina um ato redentor: dos tecidos nobres usados no seu trabalho às antiguidades de sua casa de banho, cada escolha revela uma natureza que busca incessantemente na beleza fontes de inspiração.
Por isso, em NANA, nenhum detalhe é em vão.
“A costura presenteou-me com uma motivação conscienciosa: vestir-me para me assumir. Porque sou muito mais interessante do que uma vítima”.
A artífice das costuras vê como um presente dos céus a capacidade de criar, de dar concretude à imaginação.
“É vazio aquele que não tem nada dentro de si que o motive a cozinhar, costurar ou ler. Fazer algo com as mãos. Ser alguém que cria. O poder divino dado a nós”.
Portanto, NANA incita-nos à ação. As reflexões acerca das nossas dores não podem ser passivas, ou, pelo menos, não devem permanecer nesse estado.
Mas, para agir, é necessário sonhar. Não há realização sem sonhos.
“A audácia de sonhar acordado é para nos colocar em movimento. Sonhar é lúdico, azucrinante, enredador e, acima de tudo, organizador. Depois de sonhar, voltamos à realidade um tico mais ritmados quanto ao que queremos e até certos de quem somos. Porque sonhar refina a sensibilidade.”
O arsenal de palavras que NANA nos oferece requer uma leitura contemplativa, capaz de degustar cada construção poética.
“Como Nana Caymmi é uma ode à música brasileira, quis que meu romance de estreia fosse uma ode à língua portuguesa. Audacioso, eu sei, mas acredito na audácia como um dom de Deus”, ilustra a autora.
Se nenhum detalhe da narrativa é em vão, o mesmo se aplica às palavras escolhidas: cada uma foi selecionada com esmero.
“Escolher cada palavra foi um desafio de euforia, porque eu jamais aceitaria assinar um livro — e de estreia ainda! — que não tirasse o leitor de um estado de apatia”, conclui.
Também por isso, o livro vem chamando a atenção de psicólogos e psicanalistas. Através da personagem Nana, Eliana de Castro conseguiu, de forma brilhante, abordar temas concernentes à natureza humana.
Dessa forma, ninguém fica incólume à leitura de NANA. Essa capacidade de tocar em assuntos atemporais, intrínsecos a todos nós, é uma das características do texto de Eliana de Castro, à disposição desde o início da FAUSTO, em 2016.
Desde então, a autora entrevistou os mais importantes intelectuais do mundo e relevantes personalidades midiáticas, com perguntas originalíssimas acerca, principalmente, de temas angustiantes.
Sendo assim, para apreciadores de boa literatura, que gostam de romances contemporâneos envolventes e substanciais, NANA é uma leitura recomendadíssima.
A sensibilidade do leitor será aguçada ao ler o livro e pode-se dizer a mesma coisa sobre as emoções: é impossível ler NANA sem apurá-las.
O fluxo psicológico da personagem ao rememorar fatos de sua vida, dos desamores aos amores, exercita o leitor a fazer semelhante ação consigo mesmo.
E nunca foi tão necessário o autoconhecimento como nos dias de hoje.
A luta pela sobrevivência, a competitividade cada vez maior por um lugar ao sol e a quantidade de estímulos informacionais muitas vezes leva-nos a esquecer — e desconhecer— aquilo que é de suma importância: a nossa essência.
NANA é a cura através da literatura.
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